Os habitantes dos grandes centros urbanos, "mais fácilmente" falam via internet com um desconhecido, por vezes doutro país ou até doutro continente, do que dão os bons dias aos vizinhos.
A meu ver, há nesses centros, um sentimento de desconfiança, motivado pelas notícias de assaltos, raptos, etc. que diáriamente surgem.
Por outro lado, o nosso egocentrismo e a correria diária, impelem-nos a passar ao lado das pessoas sem as olharmos. (A excepção são as Deusas que atraem os olhares masculinos e vice-versa)
Mesmo dentro das nossas próprias casas, a televisão, os computadores e as consolas de jogos isolam-nos cada vez mais da nossa própria família.
Até nas aldeias mais escondidas deste nosso rectangulo o individualismo e a solidão são cada vez maiores, onde além dos motivos atrás referidos se junta a desertificação rural.
Nos Forcalhos, contam os mais idosos, no Inverno, quando as noites eram maiores, faziam serão à luz da candeia, confraternizando...Longe vão esses tempos do serão a fiar, a tecer, a desfolhar o milho, ou mesmo a jogar cartas ou a contar peripécias e banalidades do dia a dia, como eles contam.

A desfolhada (tempos modernos)
Hoje em dia é muito mais cómodo ficar no aconchego do lar a ver a novela...
Lembro-me dos tempos em que o pão que se comia nos Forcalhos vinha de Alberegaria de Argañan ou de Casilhas de Flores. Para aproveitar a deslocação traziam-se 3 ou 4 pães. Depois emprestava-se um ou dois aos vizinhos que íam lá e traziam pão para devolver e assim se arranjava sempre pão mais fresco para comer!
Por outro lado, o trabalho agricola, sem a maquinaria que há hoje, era ssencialmente
feito com a ajuda dos vizinhos e amigos aos quais depois se retribuía de igual forma.
Em dias de recolher feno ou batatas, em casa de meus pais chegámos muitas vezes a juntar mais de uma duzia de amigos...
Contava meu pai e meus tios que o meu avô Latote e o ti Zelo, pai do Clemente, juntavam os rebanhos, faziam parceria com as vacas de trabalho, partilhavam ferramentas, etc. ao ponto de as pessoas comentarem que só faltava trocarem de mulher!